Imaginem um homem pré-histórico que parte para a caça do mamute. Ele afia o seu arsenal, prepara-se para a acção, a adrenalina percorre o seu corpo, os impulsos ficam depurados, ele está pronto para a caça, e os seus companheiros também. Eles partem do seu pequeno acampamento munidos das suas armas, conhecem os trilhos dos mamutes e sabem que as mulheres, crianças e velhos que ficam para trás têm fome, dependem deles para a sua sobrevivência, é fundamental que os homens tragam a preciosa carne assim que voltarem da caça. Nenhum dos caçadores pensa ou reflecte no que está a fazer, para eles o mamute é uma fonte de alimento, nenhum deles considera a hipótese de que o mamute se extinga. O mamute é, para estes caçadores, um animal forte, adaptado e pródigo em carne. A possibilidade da sua extinção não passa pela cabeça de nenhum dos caçadores. Pese embora, a extinção do mamute levará a uma mudança radical de hábitos. A tribo depende do mamute para comida e protecção. O fim do mamute será o fim de todo um conjunto de hábitos, a dependência é enorme, embora ninguém reflicta nisso, não é tido em consideração por ninguém. A dada altura, o mamute desaparece, a caça tem um fim, os mamutes foram caçados até não haver nenhum.
O homem contemporâneo pode ter o mesmo espírito destes caçadores, no seu quotidiano tem de cuidar dos seus assuntos, sem ter em consideração as suas implicações. O seu mamute pode estar quase extinto, e ele não tem a mínima noção desse acontecimento. Continua a impiedosa caça até que não sobre nada. E há outro problema, o mamute contemporâneo é muito maior, com uma dependência muito mais intrincada. Podemos dizer que o mamute tem o tamanho do mundo. E a caça continua, continua...indiscriminadamente.
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