Se a sociedade é o homem por extenso, ou seja, a cultura e vida psíquica influenciam-se mutuamente, num constante diálogo, será que devemos temer os efeitos de uma cultura hedonista nas instituições? Como será que a sociedade vai aguentar-se estável se não houver uma cultura de dever, sacrifício e dedicação? Se todos estão preocupados com os seus prazeres, como poderão receber a missão de satisfazer interesses comuns? E depois, como governar uma sociedade que não é resistente à frustração, que almeja soluções instantâneas e sem ponderação?
Até que ponto, certos traços cardinais da personalidade dos indivíduos, inferem na vida social, na democracia e no funcionamento das instituições? Explico com um exemplo: o narcisismo. É como no humor e a mudança de uma lâmpada, quantos narcisistas são precisos para tornar a vida social insuportável? E por arrasto, todo o edifício social?
Já existem sinais de alerta, julgo que um dos dilemas da nossa era é que ninguém se julga realmente responsável por aquilo que defende, ou melhor, não leva a sério aquilo que diz, não encontrando, assim, nada de errado nas suas inerentes contradições. No caldo destas contradições, tudo é possível. Podemos desqualificar moralmente os nossos adversários, fazendo o mesmo ou pior do que aquilo que condenamos. Tudo depende da nossa capacidade de engendrar a realidade de acordo com os nossos interesses. Neste mundo de ficção, ganha aquele que tiver maior audiência. Trata-se duma farsa e ninguém parece preocupar-se com isso, mesmo quando há interesses comuns, valores partilhados e princípios próximos. Isto porque a farsa é implacável e não tolera dissidentes.
A fadiga democrática é cada vez mais nítida, curiosamente, por ser vítima do seu próprio sucesso, a democracia garantiu o acesso alargado a bens materiais, oferecendo conforto e bens de consumo às massas, ao ponto, destas preferirem o conforto à liberdade. O perigo parece iminente, a estabilidade afigura-se precária, e não vejo solução à vista. Por fim, iremos entrar numa período de grande transformação tecnológica, com profundas implicações sociais e económicas, e estamos impreparados para enfrentar os dilemas desta revolução que irá alterar as relações de poder que regem as democracias. Sem querer ser apocalíptico, não estou definitivamente optimista com o rumo desta história.
Já existem sinais de alerta, julgo que um dos dilemas da nossa era é que ninguém se julga realmente responsável por aquilo que defende, ou melhor, não leva a sério aquilo que diz, não encontrando, assim, nada de errado nas suas inerentes contradições. No caldo destas contradições, tudo é possível. Podemos desqualificar moralmente os nossos adversários, fazendo o mesmo ou pior do que aquilo que condenamos. Tudo depende da nossa capacidade de engendrar a realidade de acordo com os nossos interesses. Neste mundo de ficção, ganha aquele que tiver maior audiência. Trata-se duma farsa e ninguém parece preocupar-se com isso, mesmo quando há interesses comuns, valores partilhados e princípios próximos. Isto porque a farsa é implacável e não tolera dissidentes.
A fadiga democrática é cada vez mais nítida, curiosamente, por ser vítima do seu próprio sucesso, a democracia garantiu o acesso alargado a bens materiais, oferecendo conforto e bens de consumo às massas, ao ponto, destas preferirem o conforto à liberdade. O perigo parece iminente, a estabilidade afigura-se precária, e não vejo solução à vista. Por fim, iremos entrar numa período de grande transformação tecnológica, com profundas implicações sociais e económicas, e estamos impreparados para enfrentar os dilemas desta revolução que irá alterar as relações de poder que regem as democracias. Sem querer ser apocalíptico, não estou definitivamente optimista com o rumo desta história.
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