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Em quem confiar?

Hoje, num jornal regional, surgem os comentários de quatro actores políticos, podiam ser comentários de qualquer país do mundo, não interessa a localização, o dilema é quase universal nas democracias: em quem podemos confiar?
Vamos a este exemplo concreto, trata-se de comentar obras urbanas levadas a cabo por um município, cujo executivo é politicamente distinto do governo da autonomia. O comentador que é afecto ao município, defende as obras, como é óbvio. Todos os outros comentadores, ligados ao governo, ou na oposição da câmara, condenam as obras. Como poderei interpretar estas disparidades, se não conheço os actores, nem sou afecto a nenhum partido? 
Se fosse o meu partido, seguiria a opinião do meu partido, mas até que ponto isto faz sentido? Se as minhas posições dependem exclusivamente de seguir as opiniões de um partido, em que medida são válidas? Eu, assim, torno-me apenas num veículo de opinião, um amplificador de uma mensagem que acolho sem crivo ou critério. Surpreende-me a enorme quantidade de pessoas que apenas reproduzem opiniões obtidas dos seus vínculos partidários. Como confiar nestas pessoas? Na verdade, a única coisa que fazem é propaganda. 
Um cidadão esclarecido pode responder à questão da propaganda de um modo simples: eu extraio apenas o que me interessa. Toda a propaganda tem um fundo de verdade, e apenas essa parte interessa-me. E depois, tento obter informação de fontes neutras, cruzar os relatos, procurar a opinião de especialistas, investigar onde está a veracidade e o rigor. Ou seja, um cidadão esclarecido tem que fazer o papel de um jornalista empenhado, dedicado e astuto. Um cidadão esclarecido procura fontes fidedignas tal como um jornalista credível. 
O dilema é que estar constantemente em busca de informação, veracidade e rigor, é uma maçada, um exercício muitas vezes ingrato. Que importa saber a verdade? O caminho para uma boa vida é ignorar aquilo que não se pode controlar, a vida política está muito longe do nosso controlo, porquê perder tempo com essa teia tinhosa de cumplicidades, intrigas e inverdades? Porquê cometer os mesmos erros dos fanáticos da ideologias? Não será uma forma de sublevação não participar no jogo, quando à partida sabemos que o jogo está inquinado?   

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