Houve um tempo que os dois falavam-se, trocavam impressões de versos, arte, pensamentos, sem tocar no assunto, como se esse assunto não existisse, o caso é uma mulher, uma mulher que tinha pertencido aos dois, uma mulher poderosa, sensual, forte. O primeiro tinha tido um breve caso com ela, um contacto íntimo que durou pouco até que ela o trocasse pelo segundo. Claro que tudo aconteceu com cordialidade, como se nada tivesse ocorrido, como se não houvesse maneira de arrancar rancor. Mas o ressentimento ficou, oculto, debaixo da superfície. O caso não podia ser esquecido, o primeiro foi humilhado pelos amigos, todos sabiam o que tinha ocorrido, ele ficou sem o seu caso amoroso, num momento em que todos sabiam que a amava. Ela partiu sem consideração pelos seus sentimentos, trocou-o por alguém que não merecia o seu respeito. Foi uma traição, uma sivícia, ela era a sua amada, o amor é sagrado, é inconcebível que seja rasgado por um ímpio. Os dois tinham a mais íntima das ligações...